Coluna | O Winter Equestrian Festival por Suzy Forrest*

10 de fevereiro de 2016

*Suzy é casada com Marcos da Costa Ribeiro Jr, o Marquinhos, cavaleiro top da SHP, habituè em Wellington. Sua aluna e enteada Carolina Chade, a Cacá, foi convocada para integrar a equipe Mirim na Copa das Nações da Juventude, em Wellington, que tem sua final em 5 de março. Juju, a caçula do casal, também já está fazendo amigos nos EUA. Outras informações ao final da matéria.

Família unida em Wellington: Marcos Ribeiro Jr, o Marquinhos, Suzy Forrest e Carolina Chade, a Cacá; img: cedida

Família unida em Wellington: Marcos Ribeiro Jr, o Marquinhos, Suzy Forrest e Carolina Chade, a Cacá; img: cedida

 

Primeiras impressões…

Para vocês amantes do hipismo quero dividir algumas curiosidades sobre Winter Equestrian Festival, em Wellington, na Flórida, EUA. Durante quatro meses a cidade é invadida por milhares de pessoas e cavalos. São 33 países, 9 milhões em premiação. Achou muito? Nada comparado ao valor dos cavalos que estão aqui, são aproximadamente 5 mil com um valor total estimado em meio bilhão de dólares!

E os competidores? Tem de 2 a 70 anos, isto mesmo, tem de tudo! Amadores como nós, criancinhas da idade da Juju e profissionais, todos aqueles que corremos para ver na TV, saltando em uma pista, na outra o dia todo. São aproximadamente 2000 inscrições por dia, de quarta a domingo!

Este ano a chuva está surpreendendo e algumas provas tiveram que ser canceladas, tivemos três alertas de tornado desde que chegamos no dia 8 de janeiro. As nossas éguas vieram bem. Voo com escala no Peru, ai ai que medo! E sete dias de “quarentena” em Miami só comendo feno e água e visitas não autorizadas!

O manège em que estamos é relativamente perto do concurso a 7 minutos de carro ou 20 a cavalo. A Carolina tem ido e voltado montada sempre que dá! (Assista )

Vista do manège onde as éguas Arica, Princess e Corbella estão estabuladas

Vista do manège onde as éguas Arica, Princess e Corbella estão estabuladas

 

Outra curiosidade é que muitas provas tem desempate imediato, ou seja, você faz zero tem 45 segundos para iniciar sua pista valendo pelo desempate. Poupa bastante o cavalo, já que a primeira pista já serve de aquecimento !

Mais novas e os ensinamentos de George Morris

A “nossa” Arica Du Caillou, de propriedade de José Martha, tem contado com um cavaleiro especial nada mais nada menos que Mr. George Morris, novo treinador da equipe olímpica do Brasil. George e Marquinhos são amigos de longa data. Marquinhos veio 6 anos seguidos para Wellington e levou o George 4 anos seguidos para fazer clínicas no Brasil. Uma amizade sincera garantiu muitas dicas e recomendações para o trabalho das éguas além de montar a Arica para entendê-la melhor!

Disse o George que quando monta um cavalo consegue saber tudo sobre o trabalho do cavaleiro….
Gosta de muita simplicidade “back to basics”. Os bridões quanto mais simples melhor! Uma curiosidade: gosta de cavalos trabalhando ” menos encurvados”, mais naturais, sem o “broken neck”, aquela coisa de ficar cerrando a boca do cavalo para deixá-lo muito colocado! Vale conferir, os europeus saltam com os pescoços de seus cavalos bem arredondados. Já os americanos e também o nosso Rodrigo Pessoa são exemplos desta ” linha mais americana”. Mas, não se enganem, os cavalos estão sempre encostados no bridão prontos para atender às ajudas do cavaleiro.

George Morris em aula treino aberta em clique de arquivo 2013 Phelpsports

George Morris em aula treino aberta em clique de arquivo 2013 Phelpsports

É um homem e tanto, super respeitado e reverenciado , todos os cavaleiros americanos de ponta vem logo cedo para perguntar algo, pedir um conselho sobre cavalo, pista, qualquer coisa que venha de Mr. Morris tem um valor inestimável! Presente da vida!

Sol e bons resultados ..

Por aqui o tempo melhorou, a chuva cessou e o frio deu uma trégua. O sol brilhou e nossos resultados também.

A Princess ( de Revel), de propriedade de Milena Cintra, que havia disputado uma prova de 1,35, uma de 1,40, fez sua primeira prova no International Ring a 1,45 de altura. Ela entrou como número 18 e até aquele momento cavaleiros renomados tinham saltado e ninguém havia feito uma pista sem faltas. Estava alto, técnico , difícil mesmo. Mas a Princess deu um show, saltou lindamente foi o primeiro clear round sendo penalizada com apenas um ponto por exceder o tempo concedido de prova. Saiu em primeiro lugar e continuou liderando por um tempo! Terminou em décimo primeiro, mas deem uma olhada nos nomes que lá estavam… Foi uma conquista incrível! Já ficou marcada entre os jet sets do hipismo, haha!

Qual a filiação desta égua? Ela é brasileira, BH com um papel de primeira: Cardento e Quidan . Tá certo que nosso país não tem gerado muito orgulho em nossos corações, mas é sempre bom saber que existe gente séria criando bem e que se bem levados nossos cavalos podem estar aqui na arena principal disputando de igual para igual com os cavalos dos melhores criadores do mundo.

Fiquei orgulhosa pois esta égua está com o Marquinhos desde os 4 anos e agora, aos 8 anos. temos o privilégio de vê-la brilhar em Wellington . A Cacá também teve bons resultados, duas pistas e um desempate sem faltas.

Carolina e sua Corbella JMen em ação em Wellington ; crédito: @michelleverwaay @patyourpony

Carolina e Twinkel Z em ação em Wellington ; crédito: @michelleverwaay @patyourpony

 

Brasil fazendo bonito

Hoje, 4/2, o Pepe ( Pedro Muylaert) terminou a prova classificatória para o GP em quinto com zero pontos de falta! Parabéns Pepe! Doda e Rodrigo Pessoa fizeram 8 pontos, Eduardo Menezes 4. Eram os brasileiros que montam pelo Brasil que estavam nesta prova hoje.

Se tiverem a oportunidade de assistir alguma prova, o cavalo tordilho Cynar VA é considerado um dos melhores cavalos dos EUA fez 4 pontos e uma pista linda! Quem monta é Jesssica Springsteen, filha do Bruce Springsteen ( assisti um dos GP’s sentada ao lado dele). Outra égua que segundo o Marquinhos será em breve uma das melhores é Jackie Brown montada por Meredith Beerbaum, fiquem atentos!

Jessica e Cynar VA em ação no WEF 2016 ; img reprodução Phelpsports

Jessica e Cynar VA em ação no WEF 2016 ; img reprodução Phelpsports

Prova a fantasia por uma boa causa

Hoje 6/3 acompanhando o espírito de carnaval do Brasil tivemos uma prova a fantasia. Isto mesmo, o dia que começou fresco e ensolarado terminou com muita chuva e fantasias molhadas. Eram 37 equipes compostas por um cavaleiro menos experiente, amador e um profissional. A pista foi dividida em 3 partes (relay) o primeiro competidor saltava obstáculos mais baixos condizentes com sua categoria (1,10) o segundo um pouco mais alto (1,20) e o profissional obstáculos a 1,30 de altura. Mas, a altura e a complexidade não eram pontos a serem considerados pois a dificuldade ficou por conta do show de velocidade. Cada falta somava 4 segundos ao tempo final e o vencedor era a equipe que completava o percurso com menor tempo/faltas. Foi uma correria geral e o mais legal foi ver profissionais como Laura Kraut, Kent Farrington, etc… disputando uma prova tão “heterodoxa”.

ivi de Miranda, Mabel Barros, Anne Caroline Valtin - apoio ‪#‎DodaMiranda‬

Vivi de Miranda, Mabel Barros, Anne Caroline Valtin – apoio ‎Doda Miranda‬

 

Mas o que leva estes cavaleiros a se exporem e saltar estas provas? A prova é beneficente e patrocinada por empresas muito importantes. Cada equipe tem um patrocinador e representa uma instituição de caridade e, como vocês devem saber, caridade aqui nos EUA é algo levado muito a sério. Os prêmios eram destinados às respectivas instituições (U$ 100.000 para o primeiro colocado).

No meio da prova, Peter Pan, Fada Sininho, Branca de Neve, Shrek e até os 3 porquinhos, mesmo sem asas, voavam encharcados sobre os obstáculos. Detalhe cada equipe entrava com a trilha sonora do filme que estava representando respeitando o tema geral “fairy tale”. Tentei boas fotos que só me renderam pingos de chuva! Fica a sugestão: diversão, esporte e caridade combinam muito!

Reflexões …

Wellington 9/2 – A frase “cada um é um” pode a princípio dar a impressão de que foi tirada de um trecho de texto de auto ajuda publicado em uma revista qualquer. Mas, aprendi algo muito valioso nestes anos trabalhando com pessoas: cada uma enxerga o mundo e age de acordo com as suas próprias crenças e valores. Portanto, otimizar um relacionamento inclui identificar este modo de ver o mundo e entender o efeito dele sobre o nosso próprio ponto de vista.

Aqui em Wellington todo dia me deparo com Mr. Morris e seus alunos frequentemente desolados com a impressão de que algo faltou nas suas performances. Pois bem, George Morris teve um treinador que foi extremamente importante em sua carreira: Gordon Wright. E Gordon tinha uma máxima: “não há tempo suficiente para falar do que está certo, concentre-se e trabalhe naquilo que está errado”.

Em conversa com um dos alunos do George dividi com ele este achado e imediatamente senti um certo alívio acompanhado de um súbito entendimento sobre o funcionamento desse mestre. Este será o espírito predominante no treinamento de nossos atletas olímpicos. Que venham as conquistas!

 

Mais sobre Suzy Forrest*

“Eu nasci já no meio dos cavalos, pois minha mãe montava grávida de mim. Minha avó já montava. Naquela época de vestido e sentada de lado! Eu montei até os 8 anos, parei e retomei bem mais tarde. A paixão é antiga. Minha filha Carolina, a Cacá, já é a quarta geração montando !

Sou formada em administração de empresas pela FGV, mas há 11 anos me dedico a Medicina Tradicional Chinesa : acupuntura, meditação , qigong ( iniciei o doutorado recentemente). Dedico a maior parte do meu tempo ao Coaching fundamentado na Medicina Tradicional Chinesa no meu consultório ou com o Dr Jou Eel Jia.”

 

 

Edição: SHP

 

 

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