por Lilian Chateau*
A Equoterapia tem sido cada vez mais utilizada no tratamento complementar de crianças / adolescentes e adultos com Síndrome de Down. Os benefícios são diversos e de acordo com a fase do desenvolvimento que cada indivíduo se encontra bem com as necessidades que apresenta. Em linhas gerais podemos pensar que para as crianças menores os benefícios tangem inicialmente os aspectos neuromusculares principalmente no que se refere ao tônus muscular.
É uma característica bastante frequente em crianças com Síndrome de Down a hipotonicidade e, o cavalo, através do seu movimento (chamado andadura) oferente uma série de estímulos vestibulares e proprioceptivos que “bombardeiam” nosso Sistema Nervoso Central de forma com que ele emita respostas neuromusculares adequadas de reajuste postural e equilíbrio. Para que essas respostas aconteçam é fundamental que nosso sistema muscular ganhe força e tônus, assim uma atividade de montaria, mesmo que ao passo torna-se uma excelente atividade física. Só que mais divertida e prazerosa.
As alterações neuromusculares são características da Síndrome e provavelmente indivíduos portadores terão que conviver com esta condição muscular diferente pelo resto da vida, porém ela não impossibilita que a criança aprenda novas habilidades motoras e desenvolva a coordenação motora. Dessa forma, a medida que a criança vai adquirindo tônus muscular suficiente para mantar-se no cavalo de forma funcional outras objetivos passam a ser inseridos no seu programa terapêutico. Todos nós evoluímos e dentro da dinâmica da Equoterapia não é diferente.
O cavalo e o ambiente equestre são facilitadores e motivares de aprendizagem. Com a utilização de materiais lúdicos e pedagógicos é possível durante a montaria trabalhar habilidades cognitivas, de memória e atenção. Utilizando percursos com letras, números, cores podemos trabalhar funções cognitivas como associação, comparações, classificação entre outras habilidades como noção de direita e esquerda (lateralidade), espacial, corporal, coordenação motora ampla e fina. Em solo são realizadas atividades de higiene do animal, alimentação e encilhamento.
Sabemos que integrar adolescentes e adultos com necessidades especiais ainda não é uma tarefa fácil. Na Equoterapia é possível realizar esse trabalho de integração e inclusão social através do esporte. Logicamente não são todos os praticantes que seguem este caminho mas quando o adolescente/adulto tem interesse e motivação a equitação adaptada é uma possibilidade. O programa esportivo destina-se a pessoas com necessidades especiais que gostam da equitação: a modalidade (salto, adestramento, volteio) é definida conforma as habilidades do inidvíduo. Com instrutores de equitação preparados para trabalhar com esse perfil de público é possível chegar longe.
Para aqueles que não tem tanto interesse no esporte mas que já não possuem tantos lugares sociais em que possam criar novos vínculos de amizades, ciclos sociais a Equoterapia torna-se um ambiente favorável. O contato com a natureza, num espaço amplo e arborizado permite que o praticante de equoterapia trabalhe e supere os seus limites, estimule sua auto-estima, além do combate à depressão, ao stress e busca pela saúde e qualidade de vida.
*Lilian Chateau, fisioterapeuta, é coordenadora da equipe multidisciplinar de Equoterapia na Escola de Equitação da SHP