Entre 18 e 20/11, o Campeonato Brasileiro de Paradestramento – Paradressage – movimenta a Sociedade Hípica Paulista. Concorrem ao título brasileiro 17 atletas em cinco diferentes graus I a V (do maior ao menor grau de comprometimento físico), entre eles, os ícones e medalhistas paralímpicos Sergio Froes Ribeiro de Oliva (grau I), dono de dois bronzes na Rio 2016, e Marcos Fernandes Alves, o Joca, também dono de dois bronzes em Pequim 2008, que está retornando ao picadeiro após um hiato de alguns anos sem competir. Também estarão a postos outros experientes atletas e novos adeptos da modalidade.
O português Carlos Lopes, juiz 5* e pioneiro na modalidade a nível mundial, preside o juri ao lado de Claudia Mesquita, Sandra Smith e Arnaldo Conde Filho. Em paralelo, o projeto de fomento ao Paradestramento e Paris 2024 com Claudiane Crisóstomo Pasquali frente à diretoria da CBH, acontecem dois cursos para treinadores com Carlos Lopes e de classificação funcional com a norueguesa Elisabeth Trille, voltado a médicos e fisioterapeutas ativos em seus respectivos conselhos.
Fomento – Carlos Lopes atua como consultor do projeto que visa criar condições dos cavaleiros de Paradestramento no Brasil possam ter junto a eles treinadores com qualidade suficicente para desenvolver as suas performances. “Ao fim desses anos todos, embora o Brasil tenha várias medalhas como mais recentemente com Rodolpho Riskalla (vice-campeão paralímpico e mundial), fato é que é um país com 250 milhões de habitantes e tem muitos atletas com potencial de fazer Paradressage. Mas não há muitos treinadores que estejam à altura de especialmente desenvolver os cavalos para que possam efetivamente competir”, disse Carlos Lopes, em entrevista concedida durante os Jogos Sul-americanos – Odesur 2022, no Paraguai.
“Esse é o foco do projeto: criar condições de formação de novos treinadores, de vários Estados brasileiros, para que a Paradressage seja mais abrangente no âmbito nacional. Estamos estruturando um plano de forma a criar ações de formação que são voltadas para os treinadores e depois os atletas vão se beneficiar dessa melhoria da qualidade de seus técnicos”, explica Lopes.
O envolvimento de Lopes com a modalidade vem de longa data. “Nesse momento, eu talvez seja o juiz 5* mais antigo no mundo. Pertenci à comissão paraequestre no IPC – International Paralympic Commitee e fui uma das pessoas que lutou e fez com que o esporte passasse a integrar as modalidades da Federação Equestre Internacional (FEI)”, lembra Lopes. “Organizei o primeiro Campeonato Europeu em 2002 e a modalidade passou a integrar a FEI a partir do Mundial de 2006, em Aachen, na Alemanha.
“Desde então, houve uma grande caminhada. Não podemos esquecer que o primeiro curso que eu dei no Brasil Paraequestre foi em 1996, na Sociedade Hípica Paulista, ao lado do belga Jan Bemelmans” , complementou Lopes, que também atua como consultor da equipe francesa para os Jogos de Paris. “A Claudiane, diretora da CBH, tem feito um plano de expansão grande, mostrando a uma série de pessoas portadores de deficiência o caminho que se poder atingir. É preciso fazer com que as pessoas tomem conhecimento da disciplina e que ela não seja um bicho papão, mas uma coisa aberta e integre as pessoas.”
Lopes também é juiz internacional e treinador de Adestramento Clássico. “A meu ver, é importantíssimo que o treinadores que trabalham com portadores de deficiência também sejam treinadores de Adestramento. Quando julgamos o Paradestramento não olhamos para o cavaleiro, mas para o que o cavalo faz. Por isso, o treinador precisa preparar o cavalo e depois o atleta montar nas melhores condições possíveis e isso é somente ligado ao adestramento”, enfatiza o treinador.
“Também tenho ajudado o Brasil no Adestramento ao longo dos anos, o João Victor Oliva (melhor brasileiro no ranking mundial) viveu na minha casa durante muito tempo, meus filhos competem internacionalmente e vários alunos que começaram comigo hoje competem no mais alto nível Internacional. Portanto, o adestramento é paixão, paraequestre é uma paixão e também uma contribuição cívica. No meu entender, é meu dever cívico, poder reportar algum conhecimento, alguma melhoria no Paradestramento.”
Imprensa CBH com fotos: Luis Ruas. CPB, Carola May e acervo pessoal