Em 24 de março do corrente ano, os Jogos Olímpicos Tokyo 2020 foram oficialmente adiados para 2021 entre 23 de julho e 8 de agosto e os Jogos Paralímpicos de 24 de agosto a 5 de setembro. A inevitável decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do governo do Japão se deu devido a pandemia do novo coronavírus, após um período de incertezas, polêmicas, pressão dos Comitês Olímpicos dos países participantes e população do país anfitrião.
A 1ª edição dos Jogos Olímpicos da era moderna foi em 1896, na Grécia, e desde então a maior competição do esporte mundial nunca havia sido adiada. Mas em outras três ocasiões foi cancelada em decorrência das duas grandes Guerras Mundiais: em 1916, 1940 e 1944. Em 1940, a cidade de Tóquio seria sede Jogos e também já contava com boa estrutura, inclusive materiais de comunicação. Somente 24 anos depois, em 1964, a capital japonesa recebeu a 15ª edição da competição.
Os Jogos Tóquio 2020 vão virar Tóquio 2021? Para evitar custos, segundo o Comitê Olímpico Internacional, a marca permanece idêntica. E a chama Olímpica, que teve seu revezamento em 2020 cancelado, ficará acesa em solo japonês até a competição começar em 2021.
Mas a realização dos Jogos em 2021 ainda não está 100% garantida. O primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe afirmou, em entrevista coletiva em 25 de maio na capital japonesa, que os Jogos Olímpicos ano que vem devem ser disputados de forma “ideal” e com a necessidade de uma vacina contra o coronavírus.
Um desenho previu o futuro?
O filme japonês “Akira”, de 1988, voltou às manchetes nos últimos meses. A animação Akira (mangá japonês), publicada em fascículos em uma revista especializada no Japão entre 1982 e 1990, conta a história de uma gangue de ciclistas adolescentes que acidentalmente se envolve em um experimento secreto do governo com crianças e suas habilidades paranormais. A história se desenvolve em 2019 em uma sinistra megalópole chamada “Nova Tóquio”, erguida próxima à ex-capital, que na ficção foi dizimada do mapa por uma misteriosa explosão em dezembro de 1982 desencadeando uma terceira Guerra Mundial.
Além dos Jogos em Akira serem sediados por Tóquio em 2020, “a história se desenvolve de uma maneira que sugere que seu cancelamento ou adiamento parece inevitável”, destaca Kaichiro Morikawa, especialista em cultura pop japonesa da Universidade Meiji, em Tóquio. Em outra coincidência, o filme tem um mangá em que a OMS (Organização Mundial de Saúde) critica as contramedidas do governo local contra uma epidemia.
Na realidade, o governo japonês chamou Tóquio 2020 de “os Jogos da reconstrução” para testemunhar a recuperação do país após as tragédias do terremoto e do tsunami de 2011, provocando a catástrofe nuclear de Fukushima.
Jogos da esperança?
Os Jogos de Tóquio em 2021 podem carregar uma simbologia forte, uma vez que até lá o mundo precisa ter vencido a batalha contra a Covid-19, seja com uma vacina ou um novo medicamento de fato eficaz. Assim a próxima e 29ª edição das Olimpíadas no Japão – além da maior celebração esportiva do mundo, união e fair play entre os povos – pode representar a superação e paz após o período duro da maior e mais agressiva pandemia do novo século. Mas para a saúde mundial, se necessário for, a edição dos próximos Jogos Olímpicos pode acontecer somente em Paris 2024. Um segundo adiamento em Tóquio foi descartado pelo comitê organizador.
SHP com agências internacionais