Marcos da Costa Ribeiro Jr, o Marquinhos, revela sua trajetória e dicas para uma base sólida no hipismo

21 de setembro de 2016

Marcos da Costa Ribeiro Jr, o Marquinhos, 43, cavaleiro e treinador de profissional na Sociedade Hípica Paulista e outros polos hípicos, tem motivos de sobra para comemorar. Envolvido com o esporte hípico desde os oito anos de idade, Marquinhos segue investindo na formação de cavalos de novos levando-os até competições nacionais e internacionais. Como treinador atualmente também comemora o sucesso de seus alunos, entre outros, de sua enteada Carolina Chade e Maria Luiza Martha Vieira, destaques no Sul-Americano Mirim 2016, e também de sua filha Luiza de Alcantara Machado da Costa Ribeiro.

Cacá Chade e Malu Viera dando show de categoria no Sul Americano Mirim 2016 dentro de casa na Sociedade Hípica Paulista

Cacá Chade e Malu Viera dando show de categoria no Sul Americano Mirim 2016 dentro de casa na Sociedade Hípica Paulista; imgs: Emerson Emerim

 

Para saber e conhecer um pouco mais sobre o trabalho e experiência do cavaleiro no esporte, confira uma entrevista exclusiva.

Há quantos anos você está envolvido com hipismo?

Marcos da Costa Ribeiro Jr. Atuo profissionalmente há 26 anos ministrando aulas, clínicas e montando. Também sou criador de cavalos de hipismo, registrado por 27 anos na Associação Brasileira dos Cavalos de Hipismo (ABCCH) com o Haras Caran D’Ache fundado pelo meu pai. Também atuo há 25 anos como consultor técnico de criação, tendo trabalhado nos Haras Pioneiro, Mundo Novo, Pullman, 3K e Josilmar.

Marquinhos com sua esposa Susi, a caçula Ju, e Carolina na conquista do vice-campeonato Sul-Americano

Marquinhos com sua esposa Susi, a caçula Ju, e Carolina na conquista do vice-campeonato Sul-Americano; img: Emerson Emerim

 

Além de concursista, você também forma cavalos. Quem são ou quais foram seus principais mestres?

Marquinhos. Sou concursista internacional desde os 17 anos de idade e me especializei na formação de cavalos jovens. Alguns importantes animais foram iniciados por mim, tais como: Evian GMS, Quira Z, Cable Z, Mirella Mundo Novo, Cordano JMen(Wasabi), Landcraker JMen, Cartujano JMen, Princess de Revel, Corbella JMen e muitos outros.

Marquinhos e Princess de Revell no início da temporada 2016 nos EUA no Winter Equestrian Festival

Marquinhos e Princess de Revell no início da temporada 2016 nos EUA no Winter Equestrian Festival; img: Gabriela Lutz

Meus mestres de formação foram Ivan Camargo, Caio Sérgio de Carvalho, Marcello Artiaga e Nelson Pessoa. Nos últimos 15 anos trabalho com George Morris e procuro seguir o sistema de treinamento dele para os cavalos e alunos. George é uma referência mundial, seguido e reverenciado pelos melhores ginetes dos Estados Unidos e Europa.

Uma boa base é imprescindível para o desenvolvimento tanto dos cavalos como também dos cavaleiros e amazonas. Em linhas gerais quais os principais ensinamentos base que você busca passar a seus alunos?

Marquinhos. A base no sentido mais puro da palavra é a sustentação permanente de tudo. No esporte, sem os fundamentos básicos da equitação, sem o adestramento adequado e sem uma formação sólida de cavalos ou cavaleiros o esporte torna-se imprevisível.

Reforço muito o bom posicionamento das pernas, dos braços e principalmente o uso correto do assento. Eu diria que o posicionamento correto representa mais de 50% da eficiência de um cavaleiro. Sentimento, determinação e resiliência são os demais fatores que fazem um cavaleiro se tornar vencedor.

Cacá e Corbella JMen: medalhistas de prata Mirim no Sul Americano 2016

Cacá e Corbella JMen: medalhistas de prata Mirim no Sul Americano 2016; img: Emersom Emerim

Aprender a controlar as três velocidades(curto, médio e longo) nas três andaduras(passo, trote e galope) de seu cavalo é fundamental. Trabalhar o equilíbrio do corpo do cavaleiro para assim obter o equilíbrio ideal de cada cavalo. Efetuar curvas bem delineadas e com o cavalo impulsionado. Perfeito controle de direção do cavalo ao salto. Todos estes fatores são imprescindíveis para um bom resultado. Sem estes fundamentos bem definidos, saltar torna-se uma loteria ou um jogo de má sorte.

A Carolina Chade, a Cacá, e a Maria Luiza da Silva Martha Vieira, a Malu, fizeram bonito no Sul Americano, respectivamente, com as medalhas de prata e o 4º lugar na categoria Mirim. Como treinador a seu ver quais foram os principais pontos positivos das duas na competição? Comente também o seu orgulho em vê-las competindo tão bem.

Marquinhos. A Cacá e Malu me orgulharam muito nesta competição. Mas também em todas as seletivas e no Brasileiro de Mirim em que lutaram firme por suas vagas, obtiveram grandes vitórias e principalmente, souberam superar e utilizar seus erros ao longo dessa trajetória para se tornarem mais fortes e mais eficientes.

Tamanha precisão e garra da Cacá, ao longo de 5 percursos, lhe deram essa tão merecida medalha de Prata individual. Também contribuiu com duplo zero na prova de equipes, conquistando com seu excelente time a medalha de Bronze. Cacá empenha-se exemplarmente todos os dias, hoje montando três cavalos, sempre disposta a fazer mais. Incansável e resiliente, superou adversidades de algumas contusões com uma força impressionante. E buscou até o fim suas merecidas medalhas sulamericanas de Prata e Bronze.

Cacá com Corbella JMen e Malu com Wonder Z no Sul Americano

Cacá com Corbella JMen e Malu com Wonder Z no Sul Americano; imgs: Emerson Emerim

A Malu também fez as seletivas de forma brilhante, vencendo uma das etapas e classificando-se muito bem nas demais. No Brasileiro também mostrou-se perseverante e a cada dia foi melhorando sua performance tecnicamente, encerrando o GP do Brasileiro com duplo zero. Também no Sul-Americano lutou firme com duplo zero na prova de equipes e conquistou a medalha de Prata. No desempate final para a medalha de Bronze individual, fez o melhor tempo com apenas uma falta, concluindo seu Sul- Americano com um honroso 4º lugar.

Malu, 13, amazona de Bauru e nova representante da Sociedade Hípica Paulista, fez bonito no Sul Americano

Malu, 13, amazona de Bauru e nova representante da Sociedade Hípica Paulista, fez bonito no Sul Americano;imgs: Emerson Emerim

Também fiquei muito feliz com o desempenho da minha filha Luiza Ribeiro, que acaba de conquistar prata por equipes e 6º posto individual no Campeonato Paulista de Amazonas.

Mesmo com uma boa atuação nem sempre é possível vencer. Como você trabalha esse ponto de saber recomeçar a cada dia e seguir aprendendo e treinando sempre?

Marquinhos. A palavra “resiliência” norteia minha vida. Perdi meu pai aos 27 anos de idade e desde então decidi que nada em minha vida seria impossível de superar. Passo isso a todos que trabalham comigo e a todos que montam comigo. Ensino a respeitar as dificuldades e adversidades, mas a transpor tudo com trabalho, dedicação, técnica e inteligência.

Trabalhamos com seres vivos que assim como nós são passíveis de erros. E sempre virá o dia seguinte. No final sempre dará certo, e se ainda não deu, é porque não chegou o fim!

Luiza e

Luiza e LF Poderosa no Campeonato Paulista de Amazonas em Santo Amaro apenas dois pontos perdidos ao longo dos três dias de competição; img: Duílio Andrade

Qual a sua meta com a Cacá e Malu nessa e para próxima temporada. Elas já vão subir de categoria ?

Marquinhos. Manteremos Cacá nessa temporada nas provas oficiais de Mirim e em Rankings internos nas provas com chamadas de 1,30 metro, pois em 2017 passará para a categoria Pré Júnior. Malu ainda permanece o ano de 2017 na categoria Mirim e portanto a manteremos nas provas exclusivamente da categoria. Tanto Cacá quanto Malu também estão trabalhando novas montarias e em 2017 trarão novidades para as pistas. Fato que nos motiva muito a trabalharmos ainda mais.

Além da Hípica Paulista você também ministra aulas em outros locais?

Marquinhos. Sim, ministro aulas e monto diariamente pela manhã no Clube de Campo São Paulo. Além disso vou a cada 15 dias para o Sta. Rosa Centro Hípico em Bauru, onde tenho vários alunos e colaboradores. Recentemente fui solicitado para ministrar a cada 30 dias aulas na Argentina no Haras Zangersheide El Rincon.

Marquinhos emprestando sua experiência hípica em Bauru

Marquinhos emprestando sua experiência hípica em Bauru

A exemplo de 2016, em 2017 você planeja iniciar a temporada em Wellington no Winter Equestrian Festival novamente?

Marquinhos. Wellington está sempre nos meus planos e em 2017 pretendemos fazer uma temporada de três meses. Devido à difícil economia em nosso país, estamos tentando viabilizar ida nessa próxima temporada com um grupo de cavaleiros e cavalos.

Por favor comente quais os principais cavalos no momento – nome e idade – e também principais conquistas.

Marquinhos. Arica du Caillou – 11 anos – Vice Campeã Paulista Sênior Top 2015, Vencedora do GP Baronesa, classificou-se diversas vezes em GPs 1,50/1,60 nos CSIs 4*e 5* em Wellington 2016.

Marquinhos e Arica du Caillou na conquista do vice-campeonato paulista Senior Top 2015

Marquinhos e Arica du Caillou na conquista do vice-campeonato paulista Senior Top 2015; img: Ruas

Princess de Revel – 10 anos – Diversas classificações em GPs de 1,50 nos CSIs 4* em Wellington 2016.
Gitan M – 7 anos – Vencedor do CSN 7 anos em Curitiba, encontra-se em quarto lugar no ranking nacional da ABCCH.

Landcraker JMen – 11 anos – Campeão Brasileiro CN, atualmente retornando após uma lesão quando já saltava provas de 1,50. JCR Guinness, Cambridge Z, Atômica 3K, e Alvear Z são jovens promessas para 2017!

O respeito com os cavalos e também com cada estágio do cavaleiro são muito importantes. Deixe uma mensagem e dica para quem está começando no esporte.

Marquinhos. Um projeto bem executado com um cavalo jovem traz grandes resultados. Respeitar cada momento de cada idade. Respeitar a saúde e integridade física dos cavalos e sempre ouvi-los. Sempre que há uma queda de rendimento o cavalo está lhe falando que falta algo! Seja tecnicamente ou fisicamente, mas estará faltando algo para esse rendimento voltar ou chegar. Portanto acreditem: os cavalos falam através de suas ações e reações.

No caso dos cavaleiros, entendam que a subida de categoria é algo natural. Seus resultados e seu conforto nas pistas lhe dirão exatamente a hora certa de subir. Procurem ler sobre os fundamentos do hipismo, procurem ouvir os mais experientes e procurem enxergar os bons exemplos.

Vejam, eu não disse olhar: eu disse enxergar! E para enxergar é preciso saber o que buscar, e aí eu volto às partes já mencionadas de ler e ouvir.

Você gostaria de destacar algo em especial?

Marquinhos. Eu gostaria de dizer que São Paulo é privilegiado em ter a Sociedade Hípica Paulista e nós sócios somos abençoados em podermos desfrutar dela. Temos excelente infraestrutura, funcionários maravilhosos e profissionais de hipismo de primeira.

Marcos e Princess em ação dentro de casa na Final do Circuito Indoor 2016

Marcos e Princess em ação dentro de casa na Final do Circuito Indoor 2016; img; João Markun

Além disso peço àqueles que amam o esporte e os cavalos que sempre busquem informação, leiam, assistam os melhores, se inspirem. Esse esporte é um constante aprendizado, dia após dia, pois o ser vivo abaixo de você a cada dia lhe traz um desafio e uma conquista, basta você saber “escutá-lo”.

 

 

Fonte: SHP – C.May ; imagens: Emerson Emerim, Duílio Andrade – Tupa Vídeo, Gabriela Lutz, João Markun e Luis Ruas

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